EM DEBATE: Aquecimento global


A todo instante, uma nova notícia surge sobre os problemas que a humanidade terá que enfrentar caso continue com os altos índices de emissões de gases que provocam e acentuam o efeito estufa. A ciência mostra que se não houver uma redução, todos os povos serão prejudicados com o aquecimento global. Organizações ambientais e sociais tentam alertar e propor mudanças, mas um grande jogo de interesses econômicos e políticos impede uma transformação significativa.


A Organização Não-Governamental (ONG) Greenpeace participa, atualmente, de discussões que visam estabelecer um tratado pela mudança climática. Para a Organização, as propostas apresentadas pelos países não respondem as necessidades para que o mundo não entre em um colapso climático e ambiental.


Em entrevista à Radioagênca NP, um dos coordenadores do Greenpeace, João Talocchi, fala sobre o aquecimento global e o papel do Brasil nesse assunto.


Radioagência NP: João Talocchi, os Estados Unidos estão discutidos o aquecimento global e até mesmo uma lei sobre o clima. Como você avalia esse fato?


João Talocchi: Os Estados Unidos aprovaram a lei deles que trata de mudanças climáticas, a “Waxman-Markey”. Essa legislação, a nosso ver, é muito fraca e pouco ambiciosa. Joga para 2020 uma redução de 0% em relação aos níveis de 1990, ou seja, os EUA voltariam a emitir o que emitiam em 1990 no ano de 2020, só que no primeiro período do protocolo de Kyoto, que termina em 2012, os países desenvolvidos já tem que ficar 5,2% abaixo [das emissões] de 1990. Os EUA estão jogando para o futuro uma medida que os países já aceitaram adotar agora. A ciência mostra que, para ficarmos em níveis seguros de aquecimento, os países desenvolvidos terão que cortar em 25% a 40% as emissões no ano de 2020, comparado ao ano de 1990.


RNP: Essa postura é vista apenas nos Estados Unidos ou existem propostas coerentes vindas de países desenvolvidos?


JT: Cada grupo de países desenvolvidos ou cada país – tem o tratado da União Européia, do Canadá, do Japão, Rússia, Austrália – apresenta uma proposta. O ruim da proposta americana é ter um nível de ambição baixa. Vários outros países se escondem atrás dela, propondo também reduções baixas nas emissões, como é o caso do Japão, Canadá e Rússia. A União Européia tem a melhor das posições, falando que aceita reduzir em até 30% das emissões, se os outros países desenvolvidos aceitarem metas ambiciosas.


RNP: Como você avalia o papel do Brasil nas negociações climáticas?


JT: O Brasil é um país importante nas negociações internacionais, porque temos um nível de emissões muito alto, por causa do desmatamento. Até agora, somos o 4º maior emissor de gás de efeito estufa, por causa do desmatamento da Amazônia. O Brasil cobra posturas firmes e ambiciosas dos países desenvolvidos e também compromissos financeiros que reflitam na realidade. Só que o Brasil também precisa fazer sua lição de casa e não deixar que o discurso lá de fora, que é um discurso muito bem feito e muito bonito, seja corrompido pelas ações que estão sendo feitas aqui dentro. Podemos dar como exemplo a aprovação de alguns anexos da Medida Provisória 458, que legaliza 1,5 hectares de terra para ocupação e a destruição que está sendo feita e proposta do Código Florestal, que são vetores para o aumento do desmatamento.


RNP: Um recente estudo mostra que a energia eólica seria capaz de suprir a necessidade energética mundial. Esse seria um ponto importante a se considerar para as mudanças climáticas?


JT: A mudança da matriz energética é um ponto fundamental para que se consiga atingir um padrão de desenvolvimento sustentável. E ela é muito benéfica no atual momento, porque gera muitos empregos, tanto na área de instalação de placas solares e geradores eólicos, como na área de desenvolvimento e pesquisa. Além do que, diminui os níveis de poluição atmosférica e a emissão de gases que contribuem para o aquecimento global.


RNP: É viável para o Brasil investir nessas fontes de energia?


JT: O Brasil tem um potencial gigantesco de geração de energia eólica e solar, só que precisamos começar a olhar para frente, ver que podemos nos beneficiar de investimentos feitos agora nessa área, em pesquisa, desenvolvimento e implantação. Precisamos ganhar com isso no futuro, nos tornando um exportador de tecnologia Precisamos ser o país que terá a matriz mais limpa do mundo no futuro.


De São Paulo, da Radioagência NP, Ana Maria Amorim.


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