Sem terrinha marcham por verba nas escolas dos acampamentos*
Porto Alegre (RS) - Cerca de 600 crianças sem terra de todo o Rio Grande do Sul marcharam na tarde desta sexta-feira (10/10/2008) em Porto Alegre (RS) contra o descaso com a educação no campo. Professores das escolas itinerantes, como são chamadas as que ficam nos acampamentos, estão há nove meses sem receber salário do governo estadual. Também não há repasse de material escolar e nem didático.
A integrante da coordenação estadual do Movimento Sem Terra (MST), Jane Fontoura, relata que a situação das nove escolas itinerantes gaúchas é muito precária. Ela teme que caso a situação não seja regularizada, as escolas sejam finalizadas.
“Eles sempre alegam alguma questão, é planilha, é não-sei-o-quê. Na verdade, querem acabar com as escolas itinerantes assim como estão fazendo com demais escolas do campo com as enturmações e o fechamento. Temos um dado da SEC que diz que foram fechadas 122 escolas, principalmente do campo”, diz.
Os sem terrinha saíram em marcha do Largo Glênio Peres, ao lado da prefeitura da Capital, e caminharam até a Secretaria Estadual de Educação (SEC), no Centro Administrativo. Em torno das 16h tiveram uma audiência com a secretária-adjunta de Educação, Salete Cadore, em que exigiram a liberação das verbas e a manutenção do convênio com as escolas itinerantes, a criação de mais escolas em assentamentos, maior número de professores e transporte escolar.
Cadore afirma que os salários não foram pagos por problemas nas prestações de contas das escolas, mas a situação deve ser normalizada nesta semana. Os demais pedidos de material também estão sendo providenciados. “É importante esclarecer que esse pagamento atrasou por falta de prestação de contas do próprio movimento, através de uma ONG. Enquanto a SEC não tiver esses documentos, não podemos proceder o pagamento”, afirma.
Após a reunião, as crianças realizaram o encontro estadual dos sem terrinha, que ocorre anualmente em alusão ao dia 12 de Outubro, Dia das Crianças. Neste ano, a programação ocorreu em uma escola pública de São Leopoldo, no Vale dos Sinos.
De acordo com o MST, existem hoje 108 escolas nos assentamentos, entre estaduais e municipais, e 9 escolas itinerantes nos acampamentos. Todas as escolas têm seu projeto pedagógico e funcionamento reconhecidos pelo Conselho Estadual de Educação.
Reportagem: Raquel Casiraghi* - CHASQUE -Agência de Notícias
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